quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Espelho auto-crítico...


Ao espelho, deparo com a minha imagem...
Uma imagem... que vejo poucas vezes.
Vejo alguém, que sabendo ser eu, descubro sempre algo novo a cada olhar.

Vejo-me, mas não me aceito como sendo assim.
Nem o meu cérebro "reconhece" tal figura.
Será para o meu cérebro um tarefa difícil assimilar esta cara que vejo, como sendo a dele.
(O meu cérebro não gosta da minha cara?)

Por vezes, sinto-me bonito, apaixonado pela imagem que se reflecte no espelho.
Sinto-me enamorado por mim mesmo. Os meus olhos enfeitiçam-me.
Depois do banho, sinto-me rejuvenescido, sinto-me jovem.
Adorando o meu corpo, confiante de hoje olharam para mim.

Mas nada.
Nada mais acontece do que passear vagueando sozinho por entre pessoas que não me olham, ainda que tendo o meu gémeo ao lado...
E sinto-me feio.

Outras vezes, olho-me ao espelho, e de novo me sinto feio.
Odeio-me, odeio a cara, o corpo, aquele bocado de cabelo...
Não sinto qualquer sentimento positivo, do que aquele: "já me senti bonito antes... quero voltar a sentir".

Mas... neste estado, sem banhos ou penteares, sou eu.
Sou o verdadeiro paulo. Sem perfumes, (nunca uso, e é raro), sem pentear cabelos, sem me vestir bem...
Hoje sinto-me feio, porque o meu cabelo está oleoso, as minhas roupas não me ficam bem, e cheiro mal...

Será por isso que não gostam de mim?
Será por não "cuidar" de mim, que me odeiam?
O que esperam elas de uma vida a dois?
Que o namoradinho cheire sempre a rosas, que tenha o cabelo arranjado, que esteja sempre muito bem vestido, sempre que acorde?

E as cuecas pelo chão? A tampa da sanita levantada?
A sanita mijada, a roupa espalhada, os duches por tomar, os dentes por lavar...
Serei eu afinal, muito selectivo? Muito mesquinho?

Provavelmente serei porco.
E é por isso que me sinto feio.

Este espelho ao qual me olho, não mente.
E faz-me sentir coisas estranhas por mim mesmo.
Odeio este cabelo assim, e aquela borbulha acolá...
Adoro este penteado, e a barba feitinha...

Sou louco por esta camisa, odeio estas calças...
Não estarei eu... afinal de contas, de cada vez que me olho ao espelho, a deixar que os outros me critiquem?
Não estarei eu a deixar-me levar pelo o que os outros dizem? Pela simples razão, de ser "agradável" ás outras pessoas...?

Não seremos todos assim? De cada vez que nos olhamos ao espelho, e começamos  pensar no que o nos ficaria bem?
Somos auto-criticos, mas não o seremos com uma ponta de criticismo da suciedade?
Nós somos belos! E aos olhos dos nossos pais, somos magnificas esculturas, e retratos dos melhores pintores... Somos seres tão belos, que eles mesmos, nos invejam a beleza.

Somos bonitos, apesar de por vezes não o sentirmos, e talvez não da melhor maneira, e os nossos pais ajudam-nos, num passo importante durante a nossa adolescência, que é o "gostar e aceitar" o nosso próprio corpo.
Eu sempre pensei... se é este o corpo com que vou ficar para o resto da vida, tenho de começar a aceita-lo.

Provavelmente, acha-mo-nos feios, por saber que existem pessoas mais bonitas?
Nem por isso, sentimos-nos feios, porque ao ver-mos as outras pessoas, e por designar-mos o que é ou não bonito, o nosso cérebro diz-nos que somos bonitos ou feios.
Porém, existem muitas raparigas bonitas que se acham feias, muito rapazes bonitos que se acham feios, enquanto que nós pensamos exactamente o contrário...
Lá porque nós vemos alguém muito bonito, e outra dezena de pessoas pensar o mesmo, não significa que essa pessoa se sinta bem com o seu cabelo, corpo, olhos, nariz...

A nossa cara... representa-nos.
Mais do que aquilo que vestimos, ou os efeitos que colocamos no cabelo, é em grande parte, a nossa cara que demonstra o que somos por dentro.
Juntando a isso, tudo o resto, mais rótulos, ideias, críticas, opiniões, cores, gostos....
Nós, deixamos de ser gente, para sermos "gado" aos olhos de quem nos vê.

Assim como eu faço aos outros, quando os vejo e "critico", por lhes ler a fisionomia do seu corpo, juntamente com os seus actos.

No fim, acha-mos-nos a nós ou aos outros bonitos ou feios, pois o nosso instinto de acasalar, "cheira-nos"/"cheira-os", decidindo numa fracção de milésimos, se aquela pessoa que vê, com aquele tipo de cabelo, roupas, cheiro, olheiras, orelhas, nariz, mãos, peito, costas, é boa para acasalar.
As células não têm macho nem fêmea no seu organismo.
Nós somos células gigantes, ao qual, o cérebro se limita a dizer-nos se somos isto ou aquilo, conforme as nossas hormonas.

Somos como alforrecas, distinguidos apenas pelo sexo.

Será por isso, que existem rapazes que se sentem mulheres, e raparigas que se sentem homens.
Não é uma doença, nem é um distúrbio.

O cérebro, faz grande parte do trabalho, ao nosso corpo.
Se o nosso cérebro nos diz que gostamos de um determinado cheiro masculino, ou feminino, indica várias coisas, como por exemplo a nossa orientação sexual, ou o tipo de gosto físico que temos por algum parceiro.

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E tudo isto é apenas o que penso.
Pode até ser mentira, e existirem estudos que comprovam várias facetas do nosso cérebro.
Não sei tudo, assim como o nosso cérebro está ainda por descobrir e compreender.
E se eu poder ajudar na compreensão de alguma coisa, postarei aqui a minha opinião e visão das coisas.

Filme que recomendo:
* My Life Without Me
* Àgora

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