segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Depois dos 30 ninguém muda ninguém...

[kissers by ~s27w]

Será que sou pessoa para ser amada?
Eu não sei o que é realmente "namorar". Sei o que é conviver e ter amor por alguém, adorar passar tempo ao lado dela e sentir-me bem e confortável, ou pelo menos é isso que o meu cérebro me diz, ainda que eu saiba que existe muita coisa estranha a acontecer sem eu perceber bem porquê...
O que é uma relação? Será o conviver, confiar, amar, gostar de viver e acordar todos os dias com aquele pessoa que que parece, e muito provavelmente será aquela "personalidade" que mais admiramos.

Uma relação é muito mais que "namorar", é saber conviver, aceitar e confiar na outra pessoa. É vê-la, não como "o meu amor" que será "para sempre meu" e "só a mim é que me deve pôr em primeiro lugar, e deixar tudo o resto para trás por mim", mas como dois seres humanos, duas pessoas, com "falhas" e "defeitos" e também feitios. Aprender e descobrir quem são e o que fazem no mundo. Perceber se vivem ou sabem viver em conjunto, juntos e conformados com o que virá da relação. Perceber se chocam mais vezes do que as vezes que se sentem felizes um ao lado do outro. Se conseguem realmente viver com alguém como ele/a, com todas aquelas "atrocidades" que ele/a costuma fazer.

E saberão aceitar? Saberão compreender? Existe ou existirá também amor numa relação? Para além da amizade que existe como colegas de trabalho ou amigos.
Serem amigos é diferente, muito diferente de saber viver como um casal, mas um casal como duas pessoas maduras, conscientes e com respeito.

Namorar, com o passar do tempo passará a ser coisa de crianças e de adolescentes, bem, pelo menos a parte da irreverencia, porque a paixão e as brincadeiras continuam a existir e serão sempre "exigidas". E é bom que continuem!

Hoje já não se "ama", não se deixa ser, não se aceita, nem se faz feliz. Todas as falhas são recordadas, todas os dias deve vestir a camisa que ela/e escolher, e ele/a deve estar calado e dar amor à força dela/e.
Existem jogos, fazem-se jogos. Manipula-se sem dó nem piedade, para que nós a/o concederemos (à nossa cara metade) o nosso único amor eterno, e a nossa mais que tudo para a vida.
Conheço dois casos, de dois irmãos, e eu, por ser um estúpido burro patético que ama demais, caio e vou caindo nas malhas e nas teias da pessoa que amo.
Dizem que é tudo por amor, e são elas, essas pessoas, que não nos amam. Pedem um mundo que imaginaram nas suas cabeças, mas esquecem-se de conhecer a pessoa com quem vivem, para "obrigar" o amado a ser o homem ou a mulher perfeita que eles tanto veneram. Viver como casal, é muito diferente de "namorar" ou qualquer tipo de relação que exista.

Viver como casal é aceitar o outro e olhá-lo como humano que é, assumir que também erra, que falha tal e qual como o seu amado. Que por muitas feridas pequenas, e se realmente houver compromisso de ambas as partes, em aprender e talvez melhorar algo que realmente está "errado" ou que não faz tão bem. Todos os problemas são resolvidos com conversas e com tempo, não com chantagem psicológica, ou com jogos. Se realmente existe amor, muita coisa acaba por ser apenas uma pequena discussão, uma lição ou um abre olhos, mas nunca um castigo, repressão, chantagem e desprezo. Se realmente não existe amor para além de todos os pequenos erros que um deles comete, é porque não existe relação. Existem pessoas possessivas e obsessivas, que gostam de mandar em tudo e ficarem por cima das outras.

Os meus pais, com a relação que têm, e todos os problemas que passaram na vida, em conjunto, são o exemplo de uma relação, uma relação que estabilizou. Uma relação entre dois seres humanos, com erros e falhas, mas que com todo este tempo, 23 anos de casados, aprenderam a aceitarem-se um ao outro, aprenderam a ser melhores, ralharam e zangaram-se, discutiram, mas sem deixar de haver amor Verdadeiro, que ainda hoje vejo... mas são tão diferentes um do outro... com opiniões tão diversas e e que faiscam, que às vezes pergunto-me como é que estes dois ainda estão juntos... são mesmo casmurros. Mas amam-se... como duas pessoas adultas.
Apercebi-me à alguns anos, que as pessoas chegam a uma certa altura das suas vidas em que um olhar, deixa de ser para ver se uma pessoa é "toda boa", mas mais para saber se é alguém compatível com a sua personalidade, se existira relação, amor. Duraria? Seria-mos felizes? Será que me aceitaria? Amar-me ia? Teria paciência? Será que lhe poderia dar tudo o que deseja? E ela a mim?

Aprendo dos meus pais muita coisa, ouço muita coisa e vejo muita coisa. Sem dúvida alguma de que encontrar alguém com quem viver até ao fim da minha vida... com quem ser feliz, aprender, partilhar, descobrir e crescer é algo difícil. Não é fácil e é quase impossível... não sem haver realmente amor e muita maturidade e consciência. Existe muita gente neste planeta, mas encontrar a pessoa certa... é como encontrar uma agulha num palheiro. E ter a relação perfeita... bem, é uma questão de paciência, amizade, confiança e acima de tudo, existir amor que se sobreponha contra todas as adversidades. Desde que não afecte o amor que cada um sente pelo outro.

Há que racionalizar os "problemas", conversar e debater, sem nunca obrigar a outra pessoa a deixar de ser quem é. É mais difícil viver numa relação do que "namorar". "Obrigar" que a outra pessoa deixe que lhe torcemos o braço, deixa de ser viável e até mesmo de constar nas nossas tarefas "O que lhe pretendo mudar...", quando chegamos a uma certa idade.
Ralhar/chamar à atenção ao marido que deixa sempre a sanita suja, ou a roupa espalhada... chamar à atenção da mulher que se queixa sempre dos sapatos de salto alto, ou que está sempre indecisa com qual o vestido que à de levar, são coisas banais e corriqueiras que se resolve ao fim de algumas semanas ou meses de treino intensivo, seja para que idade for. Mas pedir a alguém para mudar, é como pedir para deixar de vestir camisolas vermelhas só porque a outra odeia camisolas vermelhas, ou impedir de ouvir alguma musica ou ver algum filme só porque o outro não gosta.

Aos 30 anos, já ninguém muda ninguém. Aprende-se a viver com o que se escolheu, ou simplesmente se parte para outra pessoa. Foi isso que aprendi e é isso que continuo a aprender.
Ainda que uma pessoa querida, não deixe de o ser, estejamos com quem estivermos.

Hoje vi e não queria acreditar... Hoje está difícil...

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