sábado, 7 de julho de 2012

Animais espelhados como humanos...


As pessoas, aquelas que se designam "pessoas", têm a facilidade, e.. penso que qualquer "pessoa" que se designa humana, tem facilidade em dizer que os animais, têm características humanas.

"Estudos mostram que os suricates são capazes de ensinar activamente suas crias a caçarem, um método semelhante à capacidade humana de ensinar."
Fonte: Wikipedia

O texto acima, mostra de uma forma muito "banal" a "superioridade" intelectual que um humano acha possuir sobre qualquer outro animal.Que as Suricatas, como refere o texto acima, têm semelhanças com os humanos e não o contrário. Que somos os únicos animais a saber arte, o que é de todo mentira. Qualquer animal capaz de possuir sentimentos, emoções e amar outro animal, será sempre capaz de reproduzir qualquer forma de arte.
Os ninhos que os pássaros machos constróiem, ou as cores que pintam o seu corpo, são obras de arte para as fêmeas. Como é o caso dos Pavões, ou daquelas aves que gostam de tons azuis e roubam tampas de garrafas e tampas de canetas da bic.
Para nós será uma forma de arte abstracta, e "é-nos" impossível pensar que um animal como um cão tem capacidade para compreender o que é pintura abstracta. A nossa forma de ver o quadro, é que está mal, está errada e muito deslocada. Se queremos ver pinturas de uma perspectiva "humana", deslocamo-nos a uma galeria com pinturas criadas e idealizadas por humanas. Se queremos ver pinturas criadas de forma muito "natural" e inconsciente, então vamos ver uma galeria de pinturas feitas por animais. A visão que temos de ter destes quadros, não é sobre uma visão "humana" ou de "pessoa", mas uma visão fora do nosso olhar humano, e ver as coisas de maneira diferente. De perceber que aquela pintura não é pintura por ser muito abstracta e pinturas abstractas não são nada a não ser riscos de tinta ao acaso. Mas visto de uma perspectiva diferente, de uma perspectiva psicológica, aqueles riscos e rabiscos, ensinam muito. Fazem-nos entrar na mente daquele animal e perceber como funciona.

Jackson Pollock é reconhecido mundialmente pelos "rabiscos" e pintura abstracta, e não é por os fazer que deixa de ser um humano com uma visão diferente do mundo. O que é interessante, é que ao estudar os seus quadros de uma forma mais matemática, é possível reconhecer padrões ou semelhanças com Fractais.

Nós tendemos em espelhar-nos nos animais, isto é, vermo-nos nos animais, reconhecer semelhanças humanas em animais "irracionais" e selvagens, porque olhamos-os de uma perspectiva de "pessoa" e não como um humano consciente de que é um mamífero.
E da minha perspectiva, fazê-mo-lo, porque não sabemos ver as coisas fora do quadrado, fora dos olhos humanos-pessoa.
Nós e as Suricatas, evoluímos de um único antepassado comum. A espécie Mamíferos. A grande espécie que sobreviveu e surgiu na época dos Dinossauros. Muitas vezes são definidos como roedores, daí os nossos dois dentes da frente da parte superior da nossa boca crescerem sempre primeiro. A razão, é que descendemos de roedores e não criados por Deus.
E onde eu quero chegar, é que, se nós descendemos de tantos animais para trás, nomeadamente do Símio, então as nossas consciências não são superiores a quais quer animais, mas um aperfeiçoamento, o que não significa que sejamos melhores ou únicos na nossa maneira de ser comparativamente aos restantes mamíferos. Somos o simples aperfeiçoamento de milhares de anos de evolução.
A nossa maneira de socializar, de comunicar, de interagir e sentir, amar, chorar, é algo que descende e evoluiu de geração para geração. Portanto... as Suricatas não têm comportamentos semelhantes aos humanos, nós é que temos comportamentos iguais aos deles, com a capacidade de os aperfeiçoarmos da mesma forma complexa que conseguimos falar e pensar em mais do que uma língua.
Eu não diria que somos mais que os animais, diria que de uma certa perspectiva, até somos menos.
Que animal serias?

Como se costuma dizer e ouvir muito, gostamos de humanizar as coisas.
Gostamos de humanizar os extra-terrestres. Os monstros, os fantasmas, os animais...
Estive a ver um documentário sobre o primeiro filme de Alien, e o criador da criatura Alien, H. R. Giger, tentou dar-lhe um aspecto mais humanizado. E a razão que costuma ser dada, é a de que... nos reconforta ver traços de semelhança, algo que possamos compreender facilmente, que nos é familiar.
Documentário: Alien Documentary
Até os robôs tendemos em humanizar. Introduzir-lhes características humanas, não só as expressões faciais, mas também uma cara. Algo que se assemelhe, que possamos identificar. Da mesma maneira que olhamos para uma mulher ou um homem e sabemos se está triste ou feliz, se tem bons genes ou é resistente fisicamente.

Charlie Holloway: David, why are wearing a suit man?
David: I beg your parten.
Charlie Holloway: You don't breath remember? So... why wear a suit?
David: I was designed like this. As you people are more confortable with your own kind. If i didn't wear a suit what would be the porpouse.
Prometheus (retirado auditivamente do filme)

A leitura das expressões faciais e reconhecimento de caras, não é algo caracteristico dos humanos, e daí muitas pessoas, talvez poucos, se perguntarem como raio é que os leões, os elefantes, as ovelhas, as zebras, os macacos, etc, se conseguem destingir uns dos outros. Não é só pelo cheiro, é também pela sua cara.
Ainda que para nós humanos, não consigamos ver as diferenças entre duas ovelhas, elas existem. E prova disso é um documentário que vi em tempos no Odisseia.


Gostamos de nos sentir superiores, de que somos indiscutivelmente únicos, com qualidades únicas. De que somos a origem de tudo o que existem no reino animal. Que tudo o que lá existe, veio de nós. Tendemos em  achar estranho tais atitudes e acções dos animais em teste. Não de uma maneira animal e instintiva, mas de uma maneira superior, como que num pedestal, bem lá no alto, como cientistas que muitos "sabem ser". É preciso e é necessário descer ao nível dos animais, de criar um contacto, mesmo que seja apenas através de micro-expressões ou acções, para os compreender melhor.
Não, nós não somos mais do que eles. Mais do que os macacos, que as Suricatas ou os elefantes. Não somos mais na medida de sermos uma raça superior de uma perspectiva de declarar todas as outras como inferiores, somos seres vivos com qualidades superiores, com capacidade para deslumbrar uma paisagem, mas não somos superiores como animais e mamíferos. Existem seres capazes de sobreviver no ácido sulfúrico e a grandes profundidades.
Como abordo em O que é o "mal"?, a nossa capacidade de... "admirar" uma paisagem, não é mais do que uma resposta através de emoções que camuflam a verdadeira acção instintiva do nosso cérebro. Não é uma "paisagem" que vemos na verdade, é algo mais.

É por vermos as coisas de uma forma mais instintiva, mais dissecada, "fora do quadrado", sem uma visão fechada e social, que compreendo aos poucos a mente humana.
Mas de nada vale, se não souber juntar os pontos.
Por isso... da próxima vez que olharem para algum animal e pensarem:
-- Olha! Parece mesmo uma pessoa.
Tenham consciência de que não são eles que parecem pessoas, pois antes de nós existirmos, já eles caminhavam neste planeta à milhares de anos.
Não são eles que são parecidos connosco, somos nós que para além de descendermos deles, somos semelhantes a eles.


Aquilo que não vemos, não nos faz crescer...

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Que animal serias?
O que é o "mal"?
A Natureza das cores...
Apontar é feio...
A natureza
O que é "espectacular"?

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