sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mamã, mamã!


-- Mamã, mamã! -- correu a pequena de olhos em lágrimas, com um pequeno dói-dói no joelho e o vestido sujo de terra, para junto da sua mãe.
-- O que foi filha? -- perguntou a mãe de forma calma, com uma pontinha de preocupação.
-- Caí e fiz dói-dói! -- a pequena chorava. A sua cara tornava-se vermelha com a força do choro e o seu corpo tremia com os soluços. Não fungava o pouco ranho que lhe sai pelo nariz... Podia ser uma imagem feia, mas para a sua mãe era uma oportunidade de a ensinar. Pegou num lenço que trazia no bolso e limpou-lhe o nariz e a cara.
-- Já passou meu amor, não é nada, está tudo bem.
-- Mas dói! -- respondeu a menina limpando as lágrimas com as suas pequenas mãos.
-- A dor já vai embora. -- dobrou o lenço e limpou a ferida com cuidado. -- Vamos limpar melhor? -- a sua filha respondeu com um acenar de cabeça.
-- Sim... -- voltou a limpar as lágrimas e olhou a sua ferida.
-- Não tenhas medo, a mãe está aqui. -- deu-lhe a mão e foram as duas até à mangueira. A mamã tirou o sapato, a meia e ligou a água. Devagarinho molhou a ferida e com o lenço limpou-a com cuidado. Pegou-a ao colo, e levou-a para dentro, onde lhe fez um penso e lhe deu muitos beijinhos.

Mais tarde, o pai chega a casa, e a sua irrequieta monstrinha estava inocentemente sentada no sofá a ver bonecos. Colada a olhar para a televisão, mal se apercebera que o seu papá tinha chegado.
-- Alice?
A menina olhou para trás, e viu o pai com um grande ovo-kinder. Saltou do sofá, correu para o pai e abraçou-se a ele.
-- Olha papá, fiz dói-dói! -- disse a Alice, esticando a perna ao seu pai, mostrando gloriosamente o penso que a sua mãe fizera.
-- Doeu? -- perguntou o pai falsamente admirado.
-- Sim, mas a mãe ajudou e ficou melhor.
-- A mãe ajudou?
-- Sim!
-- És tão corajosa! -- abraçou-a e ofereceu-lhe o ovo com um sorriso. Alice beijou a cara do pai.
-- Obrigada papá. -- e correu de volta para o seu sofá, onde se rodeava de almofadas e brinquedos.
A mãe beijou o pai, e ambos ficaram a olhar para a sua pequena.
-- Que penso tão grande que lhe fizes-te. -- partilhou ele à sua mulher.
-- Havias de ver a ferida, mal se nota. -- esboçou um sorriso. -- É difícil...
-- Eu sei... mas és uma excelente mãe! -- respondi, num abraço em que a envolvi, beijá-mo-nos durante uns segundos, até que algo nos tocou as pernas. Era Alice de sorriso rasgado e coberto de chocolate, que nos olhava à espera de um abraço. O pai pegou nela e ambos a beijaram, enquanto os seus braços pequeninos abraçavam os seus pescoços.
-- Adoro-vos!

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Inspirado em: A Francisca no seu melhor...

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