domingo, 14 de outubro de 2012

A nossa eterna manhã...



Os dois corpos caíram na cama depois do pequeno almoço tomado, numa casa vazia, desprovida de olhos inquisidores. Olharam os dois pela janela do quarto e sentiram o calor do sol ondular nos seus pijamas.
Os seus olhos cruzaram-se e sorriram. Beijaram-se e um chilrear de andorinhas em voo picado separou os lábios carnudos dela dos lábios dele. Contemplaram pela janela, uma corrida de nuvens brancas num céu azul. Não tinham forma, mas pareciam ter vida. Um grupo pequeno de andorinhas voo ao longe e ele cruzou os dedos na mão dela.
-- Tens as mãos tão frias amor! -- retorquiu ela, beijando-as de seguida.
-- Devias sentir os meus pés!
Ela sorriu e com a mão na cara dele deixou-lhe um beijo nos lábios, virou o seu corpo para ele e colocou a perna esquerda sobre a perna dele. Agarraram-se num pequeno momento, com o sol a aquecer-lhes os corpos e o cheiro à primavera a conquistar o quarto a cada brisa suave que entrava a dançar pelas cortinas coloridas.
Foi então que ele deixou a sua mão deslizar pelas curvas do corpo dela, enquanto a sua língua se entretia com os dentes e os lábios. Devagarinho colocou a mão aranhinha sobe a sua camisola, e subiu até aos seus seios. Olhou-a nos olhos com desejo e acariciou-a. As pernas dela fecharam, enquanto um arrepio de prazer lhe subia pela coluna, passou pelas orelhas e aninhou-se na parte de trás da sua nuca, onde fervilhou por alguns segundos.
-- Ai... estás-me a deixar com desejos!
-- É doces? -- perguntou ele entusiasmado, com um grande sorriso na cara que a fez desmanchar-se a rir.
-- Não tolo! Desejos, daqueles...
Mordeu o lábio e sorrio, provocando-a com uma mão marota pelo seu corpo. Encostou a sua cabeça no ombro dela, e beijou-o, enquanto massajava a barriga pálida. Encostou-se a ele e fechou os olhos. Os dois deitados, de olhos fechados e de narinas bem despertas pelo aroma quase com sabor a baunilha, fê-los simplesmente ouvirem o respirar um do outro. Sentirem os corpos tocarem-se e as mãos negociarem termos de rendição de dois apaixonados.
Por fim, adormeceram. Ao fim de alguns minutos, estavam enroscados, abraçados pelos braços e cabelos. Quando o silêncio reinava naquele quarto, o coração de cada um chamava a atenção dos pequenos passaritos lá fora, que cessavam a sua doce opera só para ouvir, se inspirarem, no pulsar daquelas duas criaturas. E lá voltava então o mundo a girar, a brotar de vida, o pólen rodopiar no ar e as árvores mudarem de cor.

Duas folhas que trapulavam no ar, lado a lado, com uma dança que os liga para sempre, como um laço acolhe um presente.
Gira-sóis que se cruzam em olhares, hipnotizados pela luz dos seus corações...

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