terça-feira, 7 de maio de 2013

Adivinha o quanto eu gosto de ti...



Seguro-te nos braços com a vontade de nunca te deixar partir. Desejo para mim, que fiques para sempre assim, pequeno o suficiente para te segurar, atirar ao ar e levar pelo dedo.
Os olhos profundos que herdaste da tua mãe, olham-me acompanhado de um grande sorriso e do riso mais carinhoso que me encanta todas as vezes que te fazemos uma careta. A tua mãe, ela que te é tão dedicada, derrete-se ao ver-me mudar-te a fralda, a brincar com os teus brinquedos junto de ti ou a ouvir-me ler-te umas histórias de animais encantados.
Tornas os ombros do pai, num cavalo que orgulho em te fazer cavalgar e conquistar o mundo em redor.
À noite permaneço ao teu lado até adormeceres, enquanto a tua mãe te canta uma canção de embalar. Enches de alegria, uma vida já tão rica em abraços e beijinhos. Exiges e aventuras-te por sítios,  que sendo-te completamente desconhecidos, não temes em apalpar, agarrar e conquistar.

A caminho do super-mercado, cantamos as cantigas que aprendes na escola que eu e a tua mãe fazemos um esforço para aprender. Já lá vai o tempo em que as sabia de cor... Danças sem medo e cumprimentas sem vergonha, todos os meninos e meninas com que te cruzas. Atiras-te à fruta e gritas-lhes os seus nomes. Já sabes tirar o saco e escolher as cores da roda dos alimentos que a tua mãe tanto te ensina durante as horas do banho. Corres de um lado para o outro, e só paras quando encontras a tua secção favorita, ou a dos brinquedos ou a dos livros enfeitiçados com criaturas e personagens mágicas. Desfolhas livros medievais, de astronomia. Debruças-te sobre os de pintora, anatomia e de lendas antigas. Mostra-me o que descobriste, ensina-me o que aprendeste...

Tocas em tudo, aprendes e devoras o feitiço do desconhecido. Sento-te ao meu colo, e contamos as nuvens, rimo-nos para a mamã e beijas-nos com um grande abraço nos nossos pescoços. O perfume da mãe "cheira sempre muito bem" e não te cansas de dizer o quando gostas de nós. Fico com ciumes, e às vezes medo, que ela me troque por um príncipe perfeito que tanto me esforço em afastar dos sapos.

-- Papá! -- Não me vês chorar, mas é o que acontece cada vez que te vejo receber-me empolgado de braços abertos. Corres de mim no recreio do ATL para junto das outras crianças, mas assim que o Sol troca com a Lua, sabes que as cócegas e os aviões de colher estão a chegar. Largas tudo o que estás a fazer e corres para nós, que te esperamos impacientemente, orgulhosos e completos, ao portão que serve de entrada para o teu pequeno reino.
A tua mãe, quando sai mais cedo do trabalho, aparece de surpresa no escritório do pai, onde acabas sempre por fazer as delicias de toda a gente, enquanto te observo ao longe, com a mãe galinha sempre por perto.
Levar-te a navegar pelas ruas, pelos monumentos, museus e bibliotecas, delicia-nos. Colas-te aos vidros e tentas sempre mexer em tudo. Queres descobrir, saber o porquê e como funciona. Já seguras na máquina fotográfica, aplicas os dotes que a tua mãe te costuma ensinar e tiras as fotos mais trémulas e engraçadas que inocentemente te esforças em tirar.

Que traquina! Todos os fins de semana saltas e abraças os pais já cansados. Já não temos a tua energia, mas esforçamos-nos para te acompanhar em tudo o que desejas e te empenhas em fazer. Sabes o abecedário e contar até 20. Deixas todos de boca aberta quando lhes respondes de onde vêm os bebés ou como aparecemos na Terra. Não te escondemos nada e esforçamos-nos para que compreendas tudo.
Lá me vês então, eu ou a tua mãe, a desfolhar nos livros grossos o significado de alguma coisa, quando as perguntas que antigamente eram tão fáceis de responder, se tornam autênticas demandas do conhecimento.
Ensino-te a pintar e a desenhar. Já não deixas que te segure na mão como antigamente... és tu, por ti, sozinho. Demos-te liberdade e ensinamos-te que a vida nem sempre é fácil. Tu escolhes, tu decides. Demos-te opinião. Mostramos-te e explicamos-te para que decidas e aprendas por ti. Mas és cabeça dura, sais à tua mãe...

Odeio quando ralho contigo e te ponho de castigo, e até a tua mãe sofre cada vez que te dá uma palmada nas mãos. Deixamos-te sozinho durante um bocado, que para nós parece uma eternidade, a pensar no que fizeste. Conversamos contigo, abraçamos-te e beijamos-te.
És uma criança cheia de vida e sempre com amor para dar. Ensinas-nos o que fingimos por vezes esquecer, só para teres o prazer de ensinar e explicar. De poderes por breves momentos, seres tu o pai e a mãe.

Amo-te com todas as forças que tenho e ensino-te tudo o que aprendi e aprendo, cada vez que te vejo crescer...

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