segunda-feira, 10 de junho de 2013

Venham comigo...




A mãe acordou-me, o sol cumprimentou-me e corri pela casa com a fome na barriga. Apanhei o pão já feito do meu pai e fugi até ao sofá, onde me sentei e me perdi. As conversas indistintas aconchegavam-me como almofadas, mas as palavras que me faziam pular e sorrir de alegria, eram aquelas que se chegavam ao pé de mim, devagarinho, como os gatinhos? e me sussurravam: "Vamos dar uma volta...".
Os meus pais, de braços abertos, recebiam-me, presenteando-me o seu colo como uma cadeira de princesa até ao seu coche mágico. Um coche que viaja pelo mundo inteiro, e que voltava a casa sempre sem se perder. O meu sono de beleza, surgia sem avisar, obrigando-me a desligar do mundo, a perdê-lo de vista. Deixava de o deslumbrar, de o ver passar.
Os parques e as florestas faziam-me correr por todo o lado, cheia de energia e curiosidade. Mas as caminhadas pela montanha? Pelos prados largos e planícies verdes? Esses, faziam-me sentar e sonhar. Observar a natureza, ouvi-la, senti-la, respirá-la, conhecê-la de longe pela paisagem e de perto pelo toque da relva. Deitar-me à sombra e ver o céu compor-se de nuvens. Um abraço, um carinho e um beijinho.
A mamã e o papá deitavam-se, riam-se, rebolavam e brincavam como duas crianças apaixonadas. O seu eterno amor iria para sempre ficar comigo. Rugiam sobre mim, como leões desesperados por cócegas, acabando sempre com beijinhos e palavras meigas aos meus ouvidos. Uma paixão que me fervilhava nas veias a cada beijo deles. Um sentimento que me arrepiava as costas por cada olhar ternurento. Recordações  com um cheiro a perfume de Pai e Mãe.

Adoro o vento soprar-me na cara e fazer os meus cabelos voar como uma bandeira da praia. De o  chilrear me penetrar no corpo como o timbre acolhedor da voz dos meus dois botões. Sentir o sol aquecer-me a cara e levar-me da mente a pomba branca da liberdade. Sentir na cara e no nariz, a face do papá e o nariz da mamã. Ser o centro dos pequenos e grandes momentos. Sentar-me nos bancos do jardim e receber nas mãos de migalhas, pombas e andorinhas. Pintar de todas as cores o retrato que faço do mundo e  rebolar de máquina fotográfica na mão para apanhar os sorrisos envergonhados daqueles que todos os dias me amam.

Venham comigo, vou-vos ensinar a voar outra vez...

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