segunda-feira, 8 de julho de 2013

Toda a vez que olho para ti...



Toda a vez que olho para ti, vejo em mim um melhor Eu. Toda a vez que sorris, e mostras sem medo os dentes brancos, a minha alma fraqueja e chora, por saber que tamanha infelicidade que causei no mundo, foste a primeira e a única, a esticar-me a mão de compreensão. O brilho dos teus olhos não se vê, o amor que tens por mim não se sente no ar, mas as tuas mãos mostram um mundo de sentimentos completamente diferente dos que sempre julguei conhecer. Porque os teus lábios não são só vermelhos, tornam-se húmidos e deixam escapar com carinho, as palavras de poemas esquecidos, as histórias e as aventuras de alguém sem casa, com a vida estampada em cada gesto, com a força a marcar cada passo da tua jornada. A tua companhia não ocupa espaço, a tua roupa que se espalha desarrumada-mente pelo chão, pinta-o de alegria, de liberdade.
Partes correntes mais depressa do que corações e soltas a criança da birra tão devagar como lambes um gelado. Porque as tuas palavras são para ser ouvidas, para serem entranhadas e digeridas. E dás tempo. Dás espaço. Entregaste sem nunca te segurar, mesmo insegura como nunca antes conheci. Dás um pulo, levantaste, sorris e apertas a mão. A tua vida parece ser tão simples que me imagino nas tuas histórias.
Falas comigo, como se fosse o ultimo dia das nossas vidas, e as brincadeiras mantêm longe a monotonia, mas muito perto, o medo de te perder, de sentir a terra negra nas mãos e o rosto sofrer por já não ter ao meu lado o livro e a música que abriu o meu coração.
Cada vez que te vejo caminhar para mim, sinto um fervor crescer-me no peito. Um doce sabor nos lábios que te gritam um beijo. Os meus dedos tremem e só sossegam quando te tocam, quando o teu corpo se cola ao meu. Porque estar ao teu lado simboliza saber ouvir-te, cuidar de ti, sentir o que tens para oferecer, arriscar uma aventura e largar da mão a criança envergonhada que sempre fui. Segurar-te, agarrar-te com força e dizer-te o quanto me és. Envolver-te no conforto das palavras que não chegam, nos sorrisos e jogos que não te cansas de oferecer. Escrever uma história que ambos imaginámos sem nunca saber como irá acabar. Se acabar...
A magia que me encanta o mundo, encanta a casa e a futura barriga. As conversas que ainda não tivemos, os livros que ainda não lê-mos, os filmes que não vimos. As bibliotecas depois do almoço, as caminhadas à luz das estrelas, os passeios ao sol e os mergulhos na praia.
És uma sonhadora, com os pés assentes na terra com vontade voar. Adoro a frieza com que me ralhas às vezes, e a tristeza que sentes ao me ver sofrer. Da energia jubilante com que te abraças ao me pescoço e te atiras com a confiança que nem sempre tenho, para sentires de novo a força dos meus braços, mãos e dedos te segurarem com o medo amoroso de te deixar cair.
Cada vez que olho para ti... deixas de me ser um mistério para passares a ser parte de mim, do espaço que respiro, da cama que partilho, dos sorrisos que me fazem florescer. Por quem és? Por quem vives? Por quem te tornas?

Caminhas comigo?


important is not the day you find something
but the day it suddenly makes sense
by *Rona-Keller

Sem comentários:

Enviar um comentário