sábado, 21 de maio de 2016

Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [46]

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Adoro ouvir-te, ver-te e cheirar-te... [45]

ACTUALMENTE

-- Não me faça mal. -- pediu docemente limpando as lágrimas do rosto com a sua mãozita.
-- Não querida, claro que não!
-- Não faça mal à minha mamã!
-- Não faço, prometo. -- sorri.

-- Ele seria incapaz. -- reforçou uma voz por trás de mim.
-- Mãe! -- gritou a filha com as lágrimas pingarem nos pulsos apertados pela minha cúmplice. Os olhos embaciados da miúda rabugenta acordavam a minha perversa criatura.
As duas cabritinhas sairam do quarto, e voltei-me para a matriarca da casa. Aflita, regurgitava o pano em gritos abafados, lutando na cama, enquanto a sua "mais-que-tudo" desaparecia no horizonte escuro e ruidoso.
Com os relâmpagos a caírem lá fora, e o vento a dobrar as árvores, a tristeza da mãe camuflava-se na casca medonha da raiva que me perseguia de olhos em chama pelo quarto. Era um farol, que chamava a atenção do meu olhar sobre o seu corpo arfando oxigénio.
-- Não faças essa cara. A tua filha está em excelentes mãos! Confia em mim. Oh espera. Não podes! -- soltei uma ligeira risada. -- Mas agora a sério, a Joana só a foi trancar na despensa. -- aproximei-me da cama. Pousei um joelho no colchão revirado e gatinhei sobre Ti. O teu cheiro vibrava nas minhas narinas. Os teus movimentos arrepiavam-me em prazer. Lutares pela vida fazia-me sentir vivo! -- Anseio este momento desde o dia em que te vi entrar no parque de estacionamento. Oh meu deus! Um diamante! Mas para te matar, o crime tinha de ser bem feito... Estudar-te. Conhecer-te. Assim que conheci a tua Madalena, sabia que Judas estaria por perto. Deves estar a pensar que isto não vai dar certo, porque a tua querida amiguinha vai chegar não tarda. Ligar para a polícia e nós vamos presos e tu ficas para "sempre" a salvo, não é minha totinha? Mas estás tão enganada... Quando ela chegar, vai-te encontrar morta. Vou levar a tua filha comigo, para outra cidade, e a tua Madalena vai ficar com as culpas todas. Vão perceber que te matou por ciúmes. Não achas uma ideia brilhante ter pegado fogo à casa e tu teres-lhe dado a chave da tua? E sabes quem engendrou tudo isso? -- apontei para mim -- exactamente. Eu. O teu assassino!

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